sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Andando sobre a água

Mateus, capítulo 14:22- 36

Já sendo tarde, após alimentar todo aquele povo de uma maneira milagrosa, o Senhor constrangeu seus discípulos a navegarem de volta para Capernaum, enquanto Ele despedia as multidões. Parece que eles não queriam partir sem Ele.
Ele tinha um motivo especial para isso: o povo queria proclamá-lo rei à força (João 6:15). Haviam reconhecido que Ele era o profeta prenunciado por Moisés (Deuteronômio 18:15), portanto o Messias, e queriam que Ele tomasse o Seu lugar na política, e como Rei os libertasse dos romanos e desse início ao reino de Deus triunfante na terra, cumprindo assim as várias profecias a Seu respeito.
Mas a hora não havia chegado (ainda está para vir), e Ele precisava se desembaraçar, com seus discípulos, daquele povo. Ele é o Rei legítimo, não por eleição ou aclamação do povo, e quando vier será como Conquistador, tomando o reino à força (Salmo 2:8-9).
O Senhor despediu as multidões e subiu o monte a sós para orar. Era uma situação difícil, e Ele tinha que se fortalecer mediante a oração, para agir sabiamente conforme a vontade do Pai. No crepúsculo, do monte Ele viu os discípulos ao longe, remando vigorosamente na escuridão, pois enfrentavam um forte vento contrário (Marcos 6:48).
É uma bonita ilustração da situação dos Seus discípulos hoje, neste mundo de trevas, lutando contra os perigos que nos cercam, enquanto nosso Senhor está elevado no céu, assentado à direita do Pai.
Chegada a quarta vigília da noite (das 03:00 hrs até o alvorecer), os seus discípulos O viram andando sobre a água, em vias de ultrapassar o seu barco. Assustados, pensaram que fosse um fantasma! E gritaram, com medo. Nunca haviam visto um fantasma, mas um homem de verdade não podia andar sobre a água assim …
É bem possível que estamos agora na "quarta vigília da noite" da igreja, e qualquer dia destes o Senhor voltará para nos buscar. Muitos não estarão prontos, esperando Sua chegada - e vão levar um grande susto! Será algo sobrenatural.
Quantas vezes também passamos por tempestades nesta vida, e com perplexidade lutamos para vencer os problemas que nos parecem insolúveis. Não devemos nos desesperar, porque sabemos que nosso Salvador sabe da nossa situação e virá nos socorrer em tempo. Quando as coisas estiverem mais negras, Ele estará ao nosso lado.
O Senhor não se divertiu com a aflição deles, mas imediatamente os tranqüilizou: "Coragem! Sou eu. Não tenham medo" (v.27 - NVI). Pedro se animou tanto ao vê-lo andando sobre a água assim, que pediu permissão para fazer o mesmo, e ir até Ele.
Aqui vemos a fé de Pedro: estava disposto a fazer uma coisa que era naturalmente impossível, mesmo arriscando a morte naquelas águas perigosas, convicto que o Senhor Jesus lhe daria o amparo necessário, se Ele assim quisesse. O missionário William Carey disse: "Esperem grandes coisas de Deus, e tentem fazer grandes coisas para Deus"! A fé é provada pelas obras. Nós geralmente ficamos satisfeitos com pequenas coisas.
O Senhor disse a Pedro, simplesmente: "Venha!" E Pedro desceu do barco e andou sobre as águas para ir ter com Ele. Não ficou na intenção, mas demonstrou a legitimidade da sua fé. Nossa fé é muitas vezes forte na teoria, mas fraca na prática. Sejamos como Pedro, obedecendo às ordens do Senhor: notem que ele pediu que o Senhor o mandasse ir, ele não foi por conta própria.
O Senhor aproveitou a ocasião para nos dar uma lição. Pedro estava a andar sobre as águas, confiante no poder de Cristo para sustê-lo. "Mas, quando reparou no vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me!"
Pedro sentiu o poder do vento, e teve medo porque começou a duvidar - sabia que ele próprio não tinha condições para andar na água, duvidou do poder do Senhor, e imediatamente, em conseqüência, começou a afundar.
A lição é que, quando o Senhor nos chama para Si, podemos estar certos que Ele é poderoso para afastar todos os obstáculos do caminho, permitindo que nos cheguemos até Ele de maneiras que nos podem parecer impossíveis.
A vida cristã é humanamente impossível - tanto quanto andar sobre a água. É somente com o poder do Espírito Santo que ela se torna possível. Devemos perseverar, nunca duvidando do Seu poder divino. Se começarmos a nos envolver com nós próprios ou nossas circunstâncias, e temer os obstáculos que se opõem, estaremos pondo em dúvida o Seu poder, começamos a afundar e todos os nossos esforços estarão destinados ao fracasso.
Como a Bíblia nos diz: "deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus." (Hebreus 12:1-2).
Pedro não procurou nadar, o que parece que ele sabia fazer (João 21:7), mas sabiamente recorreu logo ao Senhor Jesus. Não foi preciso uma oração comprida, cheia de lindos termos de lingüística e citações bíblicas, ou uma reza repetida várias vezes (ele teria afogado antes de terminar) mas curta, objetiva, para a pessoa certa: "Senhor, salva-me!"
A resposta foi imediata: "Jesus, estendendo a mão, segurou-o e disse-lhe "Homem de pequena fé, por que duvidaste?" Tiago, irmão do Senhor Jesus, talvez tenha se lembrado do relato desta experiência pelos discípulos quando escreveu, com respeito a pedir alguma coisa em oração: "Peça-a, porém, com fé, não duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte." (Tiago 1:6).
O vento parou quando entraram no barco. "... E logo o barco chegou à terra para onde iam." (João 6:21). Não era mais preciso, pois a lição havia sido dada.
Essas coisas haviam sido feitas para provar aos seus discípulos que Ele não somente podia prover o seu sustento, como no caso da multiplicação dos pães, mas também dar-lhes proteção e poder.
Assim os discípulos tiveram a certeza que Ele era mesmo o Filho de Deus, e tendo essa certeza eles O adoraram.
Eles haviam chegado na terra de Genesaré (jardim de riquezas): é uma planície na margem noroeste do mar da Galiléia, onde estava a cidade do mesmo nome. Capernaum ficava mais ao norte, e decerto foram desviados em sua rota pelo vento forte.
O Senhor foi reconhecido ao descer do barco, e a notícia se espalhou por todas aquelas terras e logo lhe trouxeram todos os que estavam enfermos. Era tal a multidão, que lhe pediram licença para pelo menos tocar a orla da sua veste. Todos os que o fizeram foram curados, algo como a mulher que assim se curou de uma hemorragia crônica (cap. 9:20).
Embora tenhamos registrados na Bíblia apenas alguns casos especiais, é de se observar que milhares de pessoas foram curadas pelo Senhor Jesus durante o seu ministério na terra.

R David Jones